Por que temos pesadelos? Tem como evitar?Cérebro pode indicar tendência a transtorno do estresse pós-traumático
Por enquanto, o uso de anti-inflamatórios não foi testado em pessoas que sofreram, de fato, algum trauma. Os experimentos ocorreram, até o momento, em indivíduos saudáveis que foram colocados em situações que simulam eventos violentos. Reforçando, estes voluntários não apresentavam diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O estudo preliminar sobre o uso de anti-inflamatórios para impedir memórias traumáticas foi desenvolvido por pesquisadores da University College London (UCL), no Reino Unido, e publicado na revista científica Translational Psychiatry.
Como acidentes e traumas provocam pensamentos ruins?
Para entender a importância da descoberta, mesmo que preliminar, a pesquisadora Vanessa Hennessy, da UCL, explica: “Memórias angustiantes, involuntárias ou ‘intrusivas’ persistentes são uma característica central do TEPT". Inclusive, a cientista destaca que um único evento traumático pode gerar este tipo de pensamento negativo por longos períodos na vida dos indivíduos. Sobre o estudo com os anti-inflamatórios, a pesquisadora comenta, em nota, que “o objetivo é [buscar formas de] reduzir a frequência com que elas [as memórias ruins] acontecem e o quão vívidas são”.
Limitando memórias traumáticas com um anti-inflamatório
No estudo, os pesquisadores recrutaram 120 participantes saudáveis, sendo que 60 receberam um placebo e os outros 60 foram medicados com hidrocortisona (30 mg). Este é um anti-inflamatório esteroidal (corticoide) bastante popular, usado para tratar diferentes condições médicas, como a artrite. Para simular um evento traumático, todos os participantes assistiram a uma série de vídeos perturbadores, como se estivessem vivenciando um trauma. A medicação ou placebo foi entregue poucos minutos após o fim da experiência. Segundo os autores, quem recebeu a hidrocortisona tendia a “esquecer” o ocorrido mais rapidamente em comparação com aqueles que receberam um placebo. Apesar disso, diferenças nos efeitos do tratamento foram observadas entre homens e mulheres. Os resultados devem ser encarados apenas como o primeiro passo de uma estratégia que, um dia, poderá evitar pensamentos ruins após eventos traumáticos. “Futuros estudos experimentais bem desenhados podem fornecer uma base para uma abordagem psiquiátrica de precisão”, completam os autores do estudo. Fonte: Translational Psychiatry e UCL