5 filmes para relembrar a genialidade de Paulo Gustavo10 atores que nos deixaram muito cedo
Com sua morte prematura, devido às complicações da covid- 19, Paulo deixou sua mãe, seus parentes e uma legião de fãs órfãos do seu humor e da sua alegria de viver. Pensando nisso, o Prime Video lançou, em 2022, Filho da Mãe, um documentário de uma hora e cinquenta minutos de duração que traz um retrato bonito e singelo da vida do ator. Diretora e uma das melhores amigas de Paulo Gustavo, Susana Garcia consegue mesclar com delicadeza os depoimentos dos amigos e familiares às cenas do ator, sem tornar o documentário mórbido ou cair no pieguismo. A obra foca nos bastidores da turnê homônima que aconteceu em 2019 e foi uma homenagem de Paulo à sua mãe. Em cena, ele e Dea Lúcia compartilham o palco e trocam piadas e farpas que divertem o espectador. Além disso, conhecemos um outro lado do fluminense nascido em Niterói: o de cantor. Os dois se divertem entoando músicas que foram sucessos da MPB e do Pop.
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Um ode à amizade
Um dos destaques de Filho da Mãesão os depoimentos de pessoas que foram importantes na vida de Paulo. Entre elas, o ator e humorista Marcus Majella, Pedro Bial, Regina Casé e Mônica Martelli — uma das maiores incentivadoras do trabalho do ator. A fala de Mônica foi gravada na mesma praia onde ambos filmaram o longa Minha Vida em Marte, e esse pequeno detalhe tornou a cena ainda mais emocionante e terna.
Juntos, todos os relatos constroem uma história de amizade, sinceridade, amor e confiança. Fica claro que Paulo era importante na vida dos amigos e vice-versa. Sua principal característica era a autenticidade e a coragem de ser ele mesmo, ainda que em um mundo onde ser homossexual seja motivo de preconceito, violência e morte.
O amor de Thales Bretas
Ainda falando em depoimentos, o ponto alto da produção é, certamente, a fala de Thales Bretas (marido do ator) sobre o casamento dos dois e sobre a saga vivida para gerar duas crianças. É emocionante ver como ambos estavam conectados e unidos por um único propósito: serem pais.
Susana mais uma vez acerta ao mostrar imagens de bastidores inéditas dos primeiros dias do humorista com seus filhos. São cenas sensíveis que retratam toda a ternura que Paulo tinha com as crianças e trazem para o espectador uma sensação de acolhimento.
As cenas de bastidores
É claro que as cenas de bastidores também são recheadas de piadas e brincadeiras, arrancando gargalhadas de quem assiste à produção. Mas elas entregam algo a mais: o lado sério e profissional de Paulo. Em alguns momentos, podemos vê-lo estressado com detalhes técnicos da turnê e com os ensaios da peça. Mas a cara emburrada logo se desfaz em um sorriso, mostrando que profissionalismo e mau-humor nem sempre precisam andar juntos.
A origem de tudo: Déa Lúcia
Toda essa narrativa bem construída de Filho da Mãe é ancorada na peça chave da vida de Paulo: sua mãe, Dona Dea Lúcia. Autêntica como o filho, ela não perde a alegria de viver nem quando fala da morte dele, um dos momentos mais tristes de sua vida.
É ela quem divide o protagonismo do documentário com o humorista, e é ela também a razão de tudo isso existir. Sua fala é a mais importante e ganha destaque durante todos os 110 minutos de tela. Ponto positivo para a direção, que soube extrair o melhor de dona Déa sem desrespeitar sua dor ou cair no sentimentalismo barato.
Do riso ao choro
Grande parte do documentário é focada na vida de Paulo, deixando, no público, uma sensação gostosa de nostalgia. Na última meia hora, no entanto, a produção começa a abordar a pandemia do coronavírus, iniciada em 2020, e o medo que o ator tinha de se contaminar. Para contar essa história, Susana usa de vídeos que ele publicou em suas redes sociais expressando seu desejo de tomar a vacina e seu medo de ser contaminado pelo vírus.
A partir de então, o público já sabe o que vai acontecer: Paulo será contaminado, irá para o hospital e falecerá no dia 4 de maio de 2021, deixando dois filhos, um marido, uma irmã, uma mãe e vários fãs desolados. Por mais alegria que o documentário tenha passado, a partir desse momento só é possível sentir tristeza e lástima. A obra acerta novamente ao tornar público a generosidade que o humorista teve com os profissionais que trabalhavam nos cinemas e teatros — que foram fechados devido ao lockdown.
Paulo era amigo, sincero e honesto, e tudo isso foi muito bem colocado na tela. Susana acerta o tom e o tempo, não alonga o desnecessário e nem encurta o essencial. Filho da Mãe, é aquela obra que fica para a posteridade como um abraço nos fãs do ator. O filme mostra o que já sabemos: Paulo Gustavo será eterno! Filho da Mãe está disponível no Prime Video.