Ainda não se sabe se o Twitter vai aceitar a compra ou se vai considerar que a proposta é apenas uma estratégia de Musk para interromper o processo contra ele. O acordo previa o pagamento de US$ 54,20 por ação, totalizando US$ 44 bilhões. A informação foi obtida pela Bloomberg com pessoas próximas da negociação, que pediram para que suas identidades não fossem reveladas. Nem Twitter, nem Musk quiseram comentar o assunto. A negociação começou em março, quando veio à tona a informação de que Musk comprou cerca de 9% das ações do Twitter. O bilionário recusou uma cadeira no conselho da empresa e revelou planos de tomar o controle da rede social. Logo em seguida, ele fez a proposta de US$ 44 bilhões, e o conselho do Twitter aceitou. A partir daí, começaram os desentendimentos.
Compra do Twitter tem acusações e processo
Musk questionou os números de contas automáticas e de spam apresentados pela rede social. O empresário alega que há muito mais bots do que o Twitter admite, o que colocaria em risco os negócios da plataforma a longo prazo. Como o bilionário não quis mais concluir a compra, o Twitter entrou na Justiça para forçá-lo a cumprir o combinado. Musk, por outro lado, passou a usar o depoimento de um ex-funcionário da companhia para mostrar que há mais problemas do que o imaginado. Peiter “Mudge” Zatko, ex-chefe de segurança do Twitter, alegou que as práticas da empresa em assuntos como segurança, desinformação e bots estão longe de ser as melhores possíveis. Em um dos desdobramentos mais recentes, a venda do Twitter para Musk por US$ 44 bilhões foi aprovada pelos acionistas da empresa em 13 de setembro — mesmo com o empresário saindo do acordo.
Processo não corria bem para Musk
Por que Musk decidiu comprar o Twitter depois de tanta briga? Uma das hipóteses é que ele provavelmente perderia o processo. Alguns sinais apontavam para isso. No fim de setembro, os papéis se inverteram, e foi a vez de o Twitter acusar Musk de esconder as informações sobre bots. Os advogados da empresa apresentaram estudos de duas consultorias contratadas pelo empreendedor e disseram que nenhuma delas deu embasamento às acusações. Outro sinal surgiu nesta terça-feira (4) mesmo e envolve Zatko. Ele fez acusações públicas contra o Twitter em agosto e negou contato com Musk. No entanto, Alex Spiro, um dos advogados do empresário, recebeu um e-mail de uma conta anônima do ProtonMail em maio. A mensagem era de alguém que alegava ser ex-executivo do Twitter nas áreas de segurança, privacidade e moderação de conteúdo. Esta pessoa oferecia informações para Musk via outros canais. As negociações pararam em maio mesmo. Twitter e Musk estavam discutindo no tribunal sobre este e-mail. A empresa queria poder vasculhar mais e-mails, mensagens de texto e documentos; a equipe do empreendedor dizia que o acesso a e-mails era suficiente. A juíza do caso, Kathaleen McCormick, deu razão ao Twitter, dizendo que o depoimento de Zatko não teve sua credibilidade avaliada. Ela também levantou questionamentos sobre as afirmações dos advogados de Musk, incluindo se eles tinham investigado a identidade por trás do e-mail anônimo. Por fim, McCormick decidiu por um “meio-termo” e autorizou o Twitter a solicitar arquivos e comunicações de algumas pessoas envolvidas no caso, além de fazer uma busca de até 15 termos. Com informações: The New York Times, Bloomberg, The Verge.