8 dicas para melhorar a qualidade do seu sonoSete horas de sono é o tempo ideal para quem passou dos 40, diz estudo

Quem estuda o sono utiliza o argumento de que os despertadores, em teoria, só interrompem o nosso ciclo do sono, dificultando o despertar. Ainda meio “grogues” de sono, acabamos usando a função soneca, que silencia o aparelho: assim, fazemos o corpo voltar ao ciclo do sono, só para ser interrompido novamente. O problema é que não há dados concretos sobre os efeitos disso no corpo — tudo o que há são extrapolações de estudos de comportamento conectados ao sono ou ao estresse.

Estudando a soneca

Neurocientistas da Universidade de Notre Dame em Indiana, Estados Unidos, notaram a falta de dados acerca do modo soneca, e decidiram investigar. Estudando 450 adultos, eles coletaram dados de questionários diários sobre o sono e de wearables, aparelhos que podem coletar informações corporais quando estamos dormindo. Segundo os dados, mulheres têm 50% a mais de chance de usar a função soneca, e usuários que a usam mais deram menos passos diários do que os que relatam não usá-la. Além disso, os adeptos da sonequinha matinal apresentaram mais sinais de perturbações ao sono. Algumas preferências de sono também influenciaram: pessoas mais noturnas utilizaram a função mais vezes, e reportaram mais cansaço, de modo geral. Pessoas mais jovens também são usuários que usam o recurso com mais frequência. Os cientistas afirmam que isso não sugere uma ligação entre utilizar a função soneca e ficar acordado até mais tarde, ou ser menos ativo durante o dia, mas demonstra que a função pode ser boa para algumas pessoas e não para outras. Pesquisas anteriores já mostraram que todos dormimos de maneiras diferentes. Para a surpresa de ninguém, usuários da soneca tinham mais chances de ver o lado positivo da atividade (como melhora no humor e na sensação de alerta após a ela), enquanto os que a rejeitam discordam que tais benefícios sejam possíveis. Entre as razões mais comuns para usar a função soneca, estavam “não conseguir sair da cama no primeiro alarme” e “a cama ser confortável demais”. Uma a cada 3 pessoas nos Estados Unidos, lembram os pesquisadores, não dormem o suficiente, o que possivelmente é a maior razão para que mais da metade dos participantes do estudo utilizem a soneca matinal. Aliás, essa estatística representa uma pequena parcela populacional, que está na melhor posição possível em relação aos hábitos de sono. A pesquisa não abrangeu adolescentes, pessoas de baixa renda ou populações que, historicamente, são mais privadas de sono do que os participantes do estudo.

Conclusões e reflexões

No final das contas, a equipe não definiu se usar a função soneca é bom ou ruim para o sono, de maneira geral, mas terminou por apontar que a própria necessidade de utilizar um despertador não é boa para a nossa saúde. A resposta é dormir mais, ou melhor, na duração correta, de maneira regular e mais serena e sem perturbações quanto for possível — e não utilizar menos a função soneca. A meta para os cientistas, agora, é realizar estudos acerca da soneca em amostras populacionais maiores, não só para tentar descobrir potenciais efeitos negativos da atividade, mas também os positivos. Se você usa a função e sai para dirigir em estado mais alerta, isso é um benefício; se a atitude diminui sua dependência de cafeína, ela também faz bem. A soneca é, assim como o estresse, algo que não é universalmente ruim: um pouco de estresse é bom (como evidenciado pela reação de “bater ou correr”), e há hora e lugar corretos para que faça bem ao nosso corpo. Resta, agora, descobrir quais podem ser esses benefícios. Fonte: Sleep, Notre Dame News