Apesar de ainda estar no “início da sua vida”, o ChatGPT causa preocupação no Google porque ele pode roubar espaço da ferramenta de busca. Ao conversar com a IA, os usuários recebem a resposta que precisam diretamente, sem “perder tempo” visualizando anúncios.

ChatGPT “quebra” modelo de negócio do Google

Por anos, o buscador do Google gera dinheiro com um formato simples de entender: o usuário faz uma pesquisa, aparece inúmeros resultados, incluindo anúncios pagos — os famosos Ads. Esses Ads, que também são aplicados em banners de sites, representam 80% da receita do Google. Porém, o ChatGPT não mostra anúncios e faz o usuário ganhar tempo. No lugar de uma lista de resultados que você precisa clicar no link — que pode ou não ser útil —, a IA do sistema joga “na sua cara” a resposta que você precisa. Seja uma linha programação, a resolução de um bug ou uma cantada no Tinder. O Google entendeu que isso é bem mais atrativo que o seu arroz com feijão. Ciente do problema, a empresa começa a buscar uma solução de resposta automatizadas através de IA. Na verdade, o próprio ChatGPT, criado pela OpenIA (a mesma do Dall-E), utiliza uma tecnologia do Google: o LaMDA. Ainda nesta semana, ela apresentou o CALM. O seu chatbot ainda está em fase experimental, mas a empresa afirma que ele traz resultados mais rápidos que os seus concorrentes. Só que ainda é necessário resolver o formato de como mostrar anúncios no chatbot — o que vai justamente contra a proposta de pesquisar uma resposta direta na ferramenta.

Resposta do Google ao ChatGPT deve chegar em 2023

Em maio, quando o Google apresenta o evento Google I/O, a empresa deve entregar mais detalhes do CALM — e talvez liberar os testes do serviço para mais usuários. Fontes do New York Times revelam que o primeiro protótipo do chatbot pode ser limitado para 500.000 usuários. Essa limitação tem o lado positivo e o lado negativo. Na parte boa, o Google aprimora a sua ferramenta com um público mais “enxuto”, capaz de auxiliar na evolução de respostas mais precisas do CALM. O seu rival está aberto para qualquer um usar e melhorar os resultados, mas as respostas são baseadas em textos na web — nem tudo que está é verdade. Como também utiliza o mesmo método, o Google pode usar esse tempo para que o CALM chegue mais assertivo que o ChatGPT. O lado negativo é que a demora no lançamento do produto pode deixar o Google para trás nesse mercado, ou atrasar a aceitação do CALM. Ela pode ser uma empresa gigante e com muitos recursos para lançar produtos de qualidade, mas ainda é vulnerável a concorrência — Google Plus, você lembra? Para tentar resolver essas questões de atraso e qualidade, outros departamentos do Google, como a divisão de pesquisa, estão trabalhando em conjunto com o setor de inteligência artificial. Afinal, um “alerta vermelho” exige um trabalho coordenado para evitar prejuízos. Só não pode deixar o fogo começar.

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