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Como você deve saber, a Intel ocupa uma posição distinta no mercado por produzir os próprios chips. Outras companhias, a exemplo da Qualcomm, projetam chips, mas terceirizam a produções destes. Hoje, a fabricação de chips para terceiros é um mercado liderado pela TSMC. Entre os seus clientes estão companhias como AMD, Apple e Nvidia. Mas, no que depender da Intel, essa cenário irá mudar em algum momento: o plano de produzir chips para terceiros é uma das principais propostas de Pat Gelsinger, CEO da companhia desde o começo de 2021.
Como as arquiteturas x86, Arm e RISC-V entram nesse plano?
No entendimento da Intel, o mercado terá demanda para chips feitos sob medida que concentram múltiplas arquiteturas, basta existir tecnologia para isso. Para abrir caminho rumo a esse futuro, a Intel começará a licenciar núcleos x86 “soft” (flexíveis) e “hard” (rígidos) para clientes que projetam os próprios chips. Núcleos soft são aqueles que podem ser programados para tarefas específicas, a exemplos dos chips FPGA que a Intel já oferece. Já os núcleos hard são aqueles que são implementados em silício e têm uma estrutura fixa de funcionamento — na prática, estamos falando de processadores como os que a própria Intel e a AMD comercializam. Vai ser a primeira vez que a Intel licenciará núcleos x86 flexíveis e rígidos próprios, embora ainda não esteja claro quais serão eles. Mas um detalhe tão ou mais interessante é a possibilidade de esses núcleos serem combinados com outros dos tipos Arm e RISC-V. Bob Brennan, vice-presidente de engenharia de soluções para clientes da Intel Foundry Services (divisão focada em chips para terceiros), dá um exemplo: clientes poderão projetar chips com núcleos Xeon licenciados e combiná-los com um acelerador de inteligência artificial baseado em RISC-V ou Arm. Trata-se de uma ideia realmente promissora. Com essa abordagem, uma empresa poderá, por exemplo, aproveitar todo o poder de processamento de um núcleo Xeon e complementá-lo com recursos já disponíveis ou que são mais viáveis de serem desenvolvidos em outra arquitetura. Para facilitar esse trabalho, a Intel está trabalhando em um “chassi chiplet” capaz de reunir núcleos x86, Arm e RISC-V, possibilitar a comunicação entre eles e então permitir que tudo isso seja “empacotado” em um chip a ser produzido em suas fábricas.
Quando essa tecnologia estará disponível?
Ainda não há data. Se a Intel já tem clientes dispostos a projetar chips que mistura x86 com Arm e/ou RISC-V, não revelou quais são eles. O fato é que, para a companhia, produzir chips para terceiros é um caminho sem volta. Apostar em soluções com múltiplas arquiteturas pode ser uma forma de a Intel se diferenciar nesse segmento. Com base nisso, é de se presumir que essa tecnologia virará realidade em um futuro relativamente próximo. Pelo menos é o que a movimentação da Intel em torno do plano de iniciar a produção de chips para terceiros sugere. Só para citar medidas recentes nesse sentido, a companhia confirmou planos de se envolver mais com a arquitetura RISC-V, anunciou um investimento inicial de US$ 20 bilhões na construção de fábricas e, nesta semana, comprou a fabricante de chips Tower Semiconductor por US$ 5,4 bilhões. Com informações: ExtremeTech, The Register.