A Operação Patrik (um anagrama da palavra “kripta”), como foi batizada, resultou em pelo menos 13 mandados de prisão preventiva contra suspeitos de crimes financeiros, todos ligados à empresa Wall Street Corporate e a outras firmas relacionadas a esta criadas em nome de “laranjas”.
Os trabalhos de investigação apontam que o esquema ganhou forma no final do ano passado e se consolidou em janeiro de 2017. Para atrair as vítimas, os membros da organização se passavam por executivos de sucesso e usavam a velha estratégia de prometer rendimentos altos em pouco tempo. Um detalhe que facilitou a fraude é o fato de o Bitcoin ter se valorizado enormemente nos últimos anos. O noticiário aborda o assunto com certa frequência, então, muitas pessoas associam a noção de moeda digital a operações altamente rentáveis, ainda que pouco ou nada saibam sobre a dinâmica das criptomoedas. O que os integrantes do grupo prometiam, basicamente, era investir o dinheiro dos participantes em uma moeda digital e durante o período de aplicação gerar ganhos diários de 1%. Para completar, a pessoa tinha a promessa de ganhar um bônus de 10% para cada indicado que entrasse no esquema. O mesmo tipo de promessa era feito a cada novo “investidor”. Estava caracterizada a pirâmide. Para tornar tudo mais real, os integrantes do grupo promoviam reuniões, anunciavam na web e na TV, apareciam em fotos com celebridades (para transmitir um ar de pessoas bem-sucedidas), ostentavam carros luxuosos e assim por diante. Como toda pirâmide, a Kriptacoin gerava algum rendimento para os primeiros cooptados. Paulo Roberto Binicheski, procurador do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, explica que os estelionatários permitiam saques diários de até R$ 600 na fase inicial. Esse dinheiro era oriundo dos pagamentos feitos por pessoas que entraram no esquema depois. Tratava-se de uma forma de alimentar a ideia de que o negócio era mesmo lucrativo. Depois, os saques passaram a ser semanais e, mais tarde, não foram mais permitidos com a desculpa de que o sistema havia sido atacado.
Quando as vítimas reclamavam, os estelionatários as bloqueavam sob o argumento de que elas estavam sendo investigadas por suspeita de envolvimento com fraudes. Uma delas, de acordo com a polícia, chegou a investir R$ 200 mil, mas sofreu ameaças dos líderes do grupo quando tentou resgatar o valor aplicado. Estima-se que 40 mil pessoas foram vítimas do esquema. João Paulo Todde, advogado da Wall Street Corporate, afirma que as informações sobre a empresa são especulações e que, na verdade, o negócio não é uma pirâmide, mas um “sistema de marketing multinível” — uma desculpa frequente em casos do tipo. Esquemas envolvendo moedas digitais não se limitam à Kriptacoin. Há outros em andamento, muitos deles usando o Bitcoin como tema. Um que se define como um clube de investimentos em Bitcoin promete alta rentabilidade, bônus por indicação e saques ilimitados. Para evitar a desconfiança sobre a validade de uma moeda digital, o tal clube afirma que o Bitcoin já é aceito por grandes instituições financeiras, como Santander, Citibank e Visa. Com informações: G1, Agência Brasil