Cientistas criam “chip de mel” que imita as funções do cérebroCircuito impresso reciclável e biodegradável pode acabar com o lixo eletrônico
Segundo os cientistas, esse material funciona tão bem como as bases de plástico usadas atualmente na construção de equipamentos eletrônicos, com a vantagem de poder ser facilmente descartado quando os chips chegarem ao fim de sua vida útil, sem poluir o meio ambiente. “Infelizmente, o tipo de plástico usado atualmente na fabricação de componentes eletrônicos não é reciclável, o que significa que a maioria dos chips de computador acaba em lixões ou aterros sanitários em todo o mundo”, explica o professor de física experimental Doris Danninger, autor principal do estudo.
Ganoderma Lucidum
Depois de várias tentativas à procura de um material perfeito, os pesquisadores descobriram que o Ganoderma Lucidum — um tipo de cogumelo comum em todo o continente asiático, que cresce em árvores mortas — era uma alternativa viável ao plástico usado na fabricação de microchips. Os cientistas observaram que a pele do micélio — parte vegetativa do fungo semelhante à raiz — possui uma estrutura que pode ser cultivada e agregada a materiais biodegradáveis e biocompatíveis para a produção de sensores vestíveis e baterias da próxima geração. “Depois de remover parte da pele de várias amostras, nós percebemos que ela era flexível, oferecia bom isolamento e era capaz de suportar altas temperaturas. Além disso, quando mantida longe da luz e da umidade, essa pele do micélio poderia durar por muito tempo”, acrescenta Danninger.
Chip de cogumelo
Ao introduzir os componentes e circuitos eletrônicos de metal na base feita de cogumelo, usando um sistema de deposição física de vapor e um laser ablativo, os pesquisadores constaram que o dispositivo funcionava tão bem quanto os substratos feitos exclusivamente de plástico não degradável. Outra vantagem, segundo os cientistas, está na resistência do material. Durante os testes realizados em laboratório, o substrato de micélio foi submetido a várias condições de estresse, sendo dobrado e desdobrado por mais de duas mil vezes sem quebrar ou apresentar fissuras. “Um dos pontos mais interessantes dessa pesquisa, é que podemos usar os cogumelos não só para fabricar microchips, mas também na construção de baterias de micélio, utilizadas para alimentar dispositivos de detecção autônomos como módulos Bluetooth e sensores de proximidade”, encerra o professor Doris Danninger.