Por mais que Musk não tenha detalhado o que quis dizer com a afirmação, tudo leva a crer que o bilionário planeja transformar a rede social em um “super aplicativo” — isto é, se comprá-lo mesmo. “Super apps” nada mais são do que softwares que permitem fazer de tudo: pedir comida, chamar um taxi, enviar mensagens e até realizar pagamentos. Com isso, não há a necessidade de ter vários aplicativos para diferentes funções. Esses aplicativos, na verdade, são bastante populares no continente asiático. Um grande exemplo é o WeChat, da chinesa Tencent. Segundo dados da própria empresa, o app conta com mais de 1,2 bilhão de usuários, dos quais pelo menos 900 milhões o utilizam todos os dias. Durante uma reunião com funcionários do Twitter em junho passado, o diretor executivo da Tesla já havia expressado certa admiração pelo WeChat. Musk disse, inclusive, que não havia um app equivalente a ele fora da China. “E acho que há uma oportunidade real de criar isso”, afirmou. “Você basicamente vive no WeChat na China porque é muito útil para sua vida diária. E acho que se pudéssemos conseguir isso, ou mesmo [chegar] perto disso com o Twitter, seria um imenso sucesso”, concluiu. Um recurso de destaque no app chinês é o WeChat Pay, que realiza pagamentos apenas escaneando um código QR e também envia dinheiro para contatos dentro do bate-papo — algo que o WhatsApp implementou posteriormente. Musk disse que adotar recursos de pagamentos no Twitter seria uma “coisa interessante de se fazer”. Fato é: super aplicativos parecem não ser uma ideia muito viável na América e na Europa, haja vista que eles não têm muita força em mercados ocidentais. Musk já revelou seu desejo de ter pelo menos um bilhão de usuários ativos no Twitter mundialmente — hoje, contudo, a plataforma conta com cerca de 400 milhões.

Torná-lo realidade pode não ser fácil, dizem analistas

Em entrevista ao CNN Business, analistas alegaram que Musk pode enfrentar diversos problemas para tornar o “X” uma realidade. O primeiro deles é o cenário extremamente competitivo. Segundo Ivan Lam, analista da Counterpoint Research, o WhatsApp, o Facebook, o YouTube e até o TikTok fazem “de tudo” para se tornar “super aplicativos”. Já Xiaofeng Wang, analista da Forrester, diz que quando o WeChat Pay foi lançado, não havia muitos concorrentes estabelecidos. “Enquanto isso, nos EUA, já existem PayWave, Apple Pay, Google Pay, PayPal, Venmo”, afirma. Outro problema que Musk também pode enfrentar são as agências reguladoras mundo afora, que tendem a interpretar tentativas como a do bilionário como um “atentado” às leis antitruste. “O ambiente regulatório mais flexível na China na época deu a empresas como Tencent e Alibaba mais espaço para se estender a uma ampla gama de negócios”, afirma Wang. E acrescenta: “Seria muito mais difícil agora, dadas as regulamentações antimonopólio mais rígidas na China e certamente seria mais difícil para o Twitter ou o futuro X fazer isso nos EUA.” Ainda assim, o grande desafio de Musk, para Ivan Lam, pode ser tentar atingir todos os públicos com um “aplicativo de tudo”. Segundo ele, apps como o WeChat têm públicos-alvos específicos, o que facilita a adaptação dos serviços com base em suas necessidades. Para Lam, isso seria difícil de replicar deforma global. Com informações: Bloomberg, CNN Business

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